“[...]
Tantas cidades no mapa… Nenhuma, porém, tem mil anos.
E as mais novas, que pena: nem sempre são as mais lindas.
Como fazer uma cidade? Com que elementos tecê-la? Quantos
                                 [fogos terá?
Nunca se sabe, as cidades crescem,
mergulham no campo, tornam a aparecer.
O ouro as forma e dissolve; restam navetas de ouro.
Ver tudo isso do alto: a ponte onde passam soldados
(que vão esmagar a última revolução);
o pouso onde trocar de animal; a cruz marcando o encontro
                                     [dos valentes;
a pequena fábrica de chapéus; a professora que tinha sardas…
Esses pedaços de ti, América, partiram-se na minha mão.
A criança espantada
não sabe juntá-los.
[...]”


(América, Carlos Drummond de Andrade)