Seus passos nem sequer ecoam pelo saguão. Eu te observo - se movimenta na rapidez de um beija-flor, talvez até mais rápido, sei que você costumava observá-los. Seus pés não tocam no chão como numa dança divina e eu sei que você andaria sobre as águas se quisesse. Seu espectro de santidade não me assusta, só faz com que me aproxime na espera de um namoro de mãos e olhos. Você olha com um medo desconhecido, seus olhos grandes como os da fome, e confundo o ranger dos seus ossos com o estalo de lenha seca queimando. Percebo sua fluidez de bailarina me atravessando, causando um arrepio súbito quando te vejo ao abrir os olhos. Pela primeira vez sinto medo do tamanho da sua fome.